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sábado, 17 de fevereiro de 2007

Tatuagem é coisa de VAGABUNDO! A origem do preconceito, por Zen


Atualmente a tatuagem tem, lentamente, recebido o status de arte, a body art. Tem conseguido também cada vez mais diminuir o preconceito existente entre uma sociedade que discrimina a tatuagem, os tatuados e os tatuadores. Porém o preconceito continua enraizado, incomodando e causando estranhamento na hipócrita sociedade contemporânea. A pergunta então é: De onde vem esse preconceito, uma vez que marcar o corpo com tinta é uma prática que vem desde a Antiguidade? É bom lembrar que já foi encontrada uma múmia de mais de 5 mil anos tatuada. Em certas tribos aborígenes as tatuagens marcavam a passagem para a idade adulta. Em outras elas tinham seus significados sociais, onde indicavam até qual o status daquele membro dentro da sua tribo, além de ser utilizada em muitos rituais religiosos. Para entender melhor isso é necessário voltarmos à Idade Média. Uma época onde a maior força político-social-religiosa era a Igreja Católica. 

O papa Adriano I, que pontificou dos anos de 772 a 795,  guiou a Igreja com firmeza e disciplina na fé, reconstruiu os muros de Roma e os aquedutos, protegeu as artes e a agricultura, mas no ano de 787, proibiu e baniu a tatuagem considerando-a uma prática demoníaca, como vandalismo do próprio corpo, o que vilipendiava o templo do Espírito Santo. Historicamente o declínio da tatuagem tribal na Europa ocorreu com a expansão do Cristianismo. O declínio entre outros povos começa durante a tentativa européia de se converter povos aborígenes ao cristianismo, alegando que tais práticas de se marcar o corpo eram práticas pagãs.


É bom entendermos que desde o início dos tempos a Igreja Católica buscava acabar com qualquer sinal ou influência das religiões pagãs e com isso atrair pra si todos os pagãos, tornando-os fiéis apenas ao catolicismo. Como meio de iludir os fiéis essa Igreja passou a inserir símbolos pagãos em situações sempre pejorativas para as crenças pagãs, favorecendo assim seus interesses. O tridente de Posseidon, deus dos mares na cultura pagã grega foi representado como sendo de Satanás, o chapéu do mago inglês foi transferido para as bruxas, assim como a imagem da mulher continuava sendo sacrificada pela Igreja. Eva comeu a maçã. Maria Madalena era prostituta - erro que fez o papa João Paulo II pedir perdão à humanidade em 1967. Miriam era apenas a irmã de Maomé, quando historicamente foi muito mais que isso e de extrema importância para a unificação dos povos árabes. Exemplos que ilustram de que forma a Igreja sempre buscou denegrir a imagem da mulher e acabar com sua importância para a humanidade. 

Outra grande arma da Igreja apontada contra qualquer coisa que atrapalhasse seus interesses foi a Santa Inquisição. Arma de extermínio em massa apontada principalmente contra a mulher, onde qualquer mulher que pensasse, se vestisse ou tentasse qualquer ato contra a vontade de pais, maridos, governantes era bruxa e passível de ser queimada viva nas fogueiras. Na Inquisição, ou Idade das Trevas, milhões (estimam-se entre 75 e 100 milhões de pessoas), de mulheres foram queimadas vivas nas fogueiras da Europa, além de muitas outras formas sabidas de tortura, monstruosas e desumanas, sob a alegação de serem bruxas. Mas quem eram essas bruxas? Qualquer mulher que se vestisse, se portasse ou mesmo pensasse diferentemente do que queriam seus pais ou maridos ou governantes. Para elas: fogueiras... Joana D´Arc, quem não se lembra? Nesta época quaisquer marcas na pele, congênitas ou não, cicatrizes ou tatuagens eram suficientes para servir de pretexto para se incriminar uma pessoa. A Igreja então baniu todas as marcas nas peles e seus portadores eram hereges passíveis de julgamento devido seus sinais demoníacos. Dentre todos esses sinais estavam as tatuagens. Em diversas culturas, primitivas ou não, marcar a pele de forma definitiva sempre foi símbolo de distinção social, etária ou religiosa. Porém permitir que esses símbolos fossem incorporados a cultura cristã era inconcebível pois traria para a Igreja símbolos de outras crenças, as pagãs. A Igreja passa então a considerar malditos todos que portassem esses símbolos e os caçavam impiedosamente. 

Os anos passam e começam as navegações. Com elas surgem várias novas sociedades, culturas, povos e continentes. Novamente o ato de se marcar o corpo com tinta é percebido como prática comum entre esses povos. Banida na Europa a tatuagem começa a ganhar força nos outros continentes, inclusive entre a nobreza. Em pouco tempo a grande transferência de culturas e costumes das colônias para as monarquias leva a “moda” novamente para as cortes do velho continente.


Ainda malvista pelo clero e pela sociedade fortemente influenciada pela doutrina cristã, a tatuagem era denominada uma prática pecaminosa. Mania entre os artistas e nobres – classe historicamente ligada às farras, festas, vinhos e luxos, atribuições de vagabundos – a tatuagem passa a ser coisa de vagabundos, proibida assim nas igrejas, nos exércitos e na política. Chega a Revolução Industrial e com ela as normas administrativas de indústrias e empresas que não queriam ver em seus funcionários símbolos ligados a pessoas que não eram trabalhadoras. Nessa época possuíam tatuagens os vagabundos e os marinheiros, pessoas sem apego a ninguém, que geralmente detinham várias famílias por onde passavam. 
Com a circulação dos marinheiros ingleses, anos mais tarde, a tatuagem volta a entrar em contato com muitas civilizações pelo mundo. No ano de 1879 o Governo da Inglaterra adotou a tatuagem como uma forma de identificação de criminosos. a partir daí a tatuagem também passou a ter uma conotação de fora-da-lei. 

Entre os anos de 1840 e 1970 foram criados e amplamente divulgados os Circos dos Horrores, ou Freaks Shows,como eram chamados. Circos onde eram expostas anomalias de todas as formas. Pessoas que nascessem com alguma anomalia ou deformação física e congênita, amputados e... tatuados! Sim, pessoas que possuíssem suas tatuagens a mostra, no corpo ou rosto eram expostas no circo como uma atração de anomalia. Alguns circos se gabavam de ter como uma dessas apresentações bizarras um tatuador em pessoa.

No século XX começam a surgir as Tribos Urbanas. Os surfistas surgem, lá pelos idos de 1940 e 50, como uma trupe de jovens apaixonados por esportes de aventura e adquirem a mania de tatuar seus corpos. Novamente a tatuagem era vista como um ato de bons vivants, ou como chamavam os mais idosos, vagabundos. O surf hoje é visto como um esporte, porém seus praticantes até hoje são vistos como jovens vagabundos. 

Depois dos surfistas surgem os hippies na década de 1960, movimentos de comportamento coletivos de contracultura, onde eram adotados modos de vida comunitários, quase um socialismo libertário, em estilo de vida nômade em comunhão com a natureza, onde eram defendidas as questões ambientais e pacíficas, pró fim de guerras, a prática de nudismo e a emancipação sexual, além do amor livre. Eram almejadas a transformações da sociedade como um todo, pela contracultura, através da tomada de consciência, da mudança de atitude e do protesto político. Nessa tribo a tatuagem também foi amplamente difundida e eles eram tido pela sociedade como reacionários, libertinos e vagabundos. 


Dentro do contexto de contracultura dos hippies, surgem os punks, cujo aspecto reacionário surge como um movimento revolucionário que se baseia na subversão não coerciva dos costumes do dia a dia. Esse movimento se iniciou em 1974 e era caracterizado quase que totalmente por ser um estilo baseado em música, moda e comportamento. Inicia-se a era do faça-você-mesmo, do interesse pela aparência agressiva, da simplicidade e do sarcasmo niilista. Muitos punks, em busca dessa aparência agressiva mudaram seus cabelos e inseriram em seus corpos muitas tatuagens. Por ser um estilo onde predominavam jovens, cheios de rebeldia e agressividade. Os punks foram taxados de vagabundos.


Dessa vertente saíram os Skinheads, ou cabeças raspadas. Uma subcultura originária dos jovens da classe operária do Reino Unido nos anos finais da década de 1960 e mais tarde espalhada pelo resto do mundo. entretanto ao final dos anos 1970 a raça e a política viraram fatores determinantes entre esses jovens. Esses jovens então começam a marcar seus corpos com tatuagens repletas de símbolos e marcas que representassem suas ideologias. Por ser um movimento entre jovens despreocupados com suas aparências, também foram taxados de vagabundos.


Os motoqueiros, ou rockers, ou greasers (graxas, pois modificam suas motos) e suas gangues, surgiram no final dos anos 1970 como uma turma de jovens rivais aos punks que usavam as tatuagens para simbolizar os locais por onde já haviam viajados e para marcar sua pele com peças das motos e a marca da gangue. Pelo fato de muitas dessas gangues serem arruaceiras e briguentas, além do consumo de drogas e álcool que surgiu anos depois, eles também ficaram com o esteriótipo de vagabundos.


Ao final dos anos 1970 e durante os anos de 1980 surgem os góticos, uma subcultura também derivada do pós-punk, uma subcultura associada diretamente a música, estética visual, que se utiliza de muitas referências de manifestações artísticas e culturais. Um movimento que também utilizou e muito da tatuagem pra representar suas vontades e mazelas. É importante lembrar que juntamente a todas essas tribos urbanas surgiram os skatistas, desde os anos 60, que também eram visto como jovens vagabundos e que se utilizavam também da tatuagem como uma forma de manifestar seus desejos.


A gerações atuais foram as primeiras a elevar o status da tatuagem como arte. Isso logicamente colaborou para que o tatuador fosse um profissional e não mais uma pessoa que sabe apenas desenhar, ou acha que sabe. Isso elevou e muito a qualidade dos materiais, tintas, pomadas, agulhas e das máquinas, bem como as condições de higiene e saúde para quem vai se tatuar. Apesar do preconceito e da discriminação social, religiosa e profissional, ainda que de forma velada, que perdura até hoje, a tatuagem atualmente é vista como forma de expressão e ainda de rebeldia. Muitas mulheres tatuam seus corpos hoje. Muitas atrizes. Muitos artistas. É bem verdade que tatuam pois a qualidade da tatuagem mudou muito. Isso ajuda a diminuir o preconceito, ainda que muito lentamente. Afinal, como se luta contra séculos de história?


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