Abraços...
Zen.
TATUAR com FÉ
Texto: Adriana Bernardino
Fotos: Tatiana Ribeiro
Matéria publicada na revista Tatuagem Arte e Comportamento,
Ano II, nº 22, página 26
LAKOTA

Don é um dos líderes culturais da região, ensina a língua e as tradições Lakota para crianças e participa de projetos internacionais (foi ele quem ensinou a Kevin Costner e outros atores brancos a falar a língua Lakota para o filme Dança com Lobos)
“Quando uma pessoa morre, precisa apresentar suas tatuagens para uma coruja, que, então, autoriza sua entrada na Terra dos Espíritos.”
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“Uma palavra sobre a religião Lakota: não existe uma religião no sentido tradicional da palavra. Existe o modo tradicional e os valores de vida Lakota (Lakol Wikohan), que inclui valores individuais, de relacionamento com a natureza (forças da natureza, plantas, animais e minerais), com os espíritos e com as outras pessoas. Outra observação importante: ao contrário da maioria dos povos nativos das Américas, que tinham um modo tradicional de vida e hoje vivem apenas às margens ou dos restos da civilização moderna, os Lakota,a exemplo dos judeus, possuem uma forte identidade cultural moderna, preservando valores tradicionais (espirituais, linguagem, valores de relacionamentos) e, ao mesmo tempo, convivendo com televisões, automóveis e tantas informações do mundo inteiro.
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E a tatuagem (Owa = desenho) é parte dessa identidade moderna do povo Lakota, algo como de 50 anos pra cá (os Lakota foram expulsos das planícies há cerca de 150 anos. Passaram 100 anos enfraquecidos e retomaram o orgulho de sua raça neste período mais recente). Os desenhos tatuados pelo povo Lakota representam forças superiores da natureza (o Sol, o Vento, a Chuva, os Raios, os Trovões...), os animais e símbolos de força e proteção a partir de elementos que fazem parte de sua cultura, como flechas, penas, etc. Representam sempre um compromisso que dura por toda a vida e podem acontecer em duas situações: Características ou forças de que uma pessoa precisa, e tatua seus símbolos como forma de assumir um compromisso com a sua conquista. Características ou forças que uma pessoa já possui e assume, ao fazer uma tatuagem, o compromisso de mantê-las e cultiva-las por toda a vida.
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Ter uma tatuagem é, na cultura Lakota um símbolo de orgulho e da capacidade de se comprometer por toda uma vida com fortes valores espirituais. Assim, nunca é feita por valores apenas estéticos, até porque são desenhos simples e aplicados sem as técnicas elaboradas das tatuagens artísticas. Fora das reservas e ambientes Lakota,a tatuagem causa preconceitos, mas é apenas algo somado ao preconceito racial já sofrido pelos Lakota e outros índios das Américas. Não existem preconceitos contra as pessoas que não tem tatuagens dentro da reserva.
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Existe apenas uma crença sobre não ter tatuagem... Quando uma pessoa morre, antes de entrar na Terra dos Espíritos, precisa apresentar suas tatuagens para uma coruja, que, então, autoriza a sua passagem. Às vezes, quando alguém está muito doente e não tem nenhuma tatuagem, prefere, na dúvida, chamar um tatuador... é como a extrema unção nos católicos”.
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Informações transmitidas ao João Marcelo pelo amigo Don Mocassin, dos sincagu Lakota-Sioux, de Rosebud Indian Reservation, South Dakota – USA.
Confira também a opinião de líderes de outras religiões:
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